domingo, 11 de julho de 2010

Tête-à-Tête: Tristeza

"Sartre tendia a ver qualquer emoção violenta como afetação. E não tinha tempo para autopiedade. Simone Jollivet uma vez cometeu o erro de lhe dizer que se sentia triste. O Sartre de 21 anos escreveu respondendo:

"Espera que eu amoleça diante dessa postura interessante que decidiu adotar, primeiro para o seu bem, depois para o meu? Houve um tempo em que eu tinha um pendor para esse tipo de jogo (...) Atualmente odeio e desdenho quem, como você, se compraz com suas breves horas de tristeza. O que me desgosta nisso é a comediazinha vergonhosa enraizada num estado físico de torpor que representamos para nós (...) A tristeza anda de mãos dadas com a preguiça (...) Você tem tanto prazer nisso que me escreve quando estou a 500 km de distância, muito provavelmente não no mesmo estado de espírito: "Estou triste." Seria bom contar isso também à Liga das Nações (...) Se, em sua noite melancólica, você fosse serrar lenha, sua tristeza desapareceria em cinco minutos. Vá serrar, mentalmente, claro. Empertigue-se, pare de representar, ocupe-se, escreva." (Sartre a Simone Jollivet, sem data, 1926 em Witness, p. 16-17)


Sartre afirmava categoricamente que as pessoas não deviam usar suas emoções como desculpa. Beauvoir lutaria a vida inteira com o ciume, mas dava duro para se corrigir. Isso a deixava mais impaciente ainda com o ciúme dos outros.
(...)
Sartre acreditava firmemente que, com força de vontade, podia-se superar todos os desconfortos, emoções e obstáculos. Segundo ele, lágrimas e nervoso eram fraquezas. O enjoo marítimo era uma fraqueza. Somos seres livres, dizia Sartre, e podemos escolher. Ele quase não dava importância a funções biológicas, e não dava nenhuma ao condicionamento psicológico. "

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