sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tête-à-tête: teoria da liberdade.


"Sartre era encorajador; também estava cheio de projetos e planos para o futuro deles juntos. Teriam aventuras e viagens, disse-lhes, trabalhariam muito, e ao mesmo tempo levariam vidas fascinantes de liberdade e paixão. Ele lhe daria tudo que pudesse. A única coisa que não podeia lhe dar era sua individualidade. Precisava ser livre.
(...)
Sartre explicou a Beauvoir sua teoria da liberdade e da contingência. Era o tema sobre o qual haviam feito o exame escrito. Para ele, os indivíduos viviam num estado de absurdo fundamental, ou "contingência". Deus não existia; a vida não tinha um significado preexistente. Cada indivíduo tinha que assumir sua liberdade, criar sua própria vida. Não existia ordem natural; as pessoas seguravam o destino com as próprias mãos. Cabia a elas determinar a substância de suas vidas, até a maneira que escolhiam para amar. Ser livre era assustador. A maioria das pessoas fugia de sua liberdade. Mas Sartre abraçava a dele. Não permitiria que nenhum código preestabelecido determinasse a
sua vida. Sua vida seria sua própria construção. Beauvoir achou isso uma bela filosofia.
(...)
No quinto dia da estada de Sartre, os dois estavam deitados juntos num campo quando viram os pais de Simone vindo na direção deles. Levantaram-se de um pulo. O pai de Simone parecia constrangido. Disse a Sartre que as pessoas estavam falando deles, e receava ter que lhe pedir que deixasse a região. Simone ficou rubra de raiva e disse ao pai que aquilo não era jeito de falar com o amigo dela. A mãe começou a gritar com ela. Sartre disse calmamente mas com firmeza que iria embora assim que pudesse, mas que ele e a encantadora filha deles estavam trabalhando numa investigação filosófica, e primeiro tinham que terminá-la. Os pais foram para casa."

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